Com 5 anos de vida, Dona Jandira aprendeu a fazer a primeira peça de crochê, só de olhar a vizinha. Foi um sapato de tricô para o irmão. No interior de Natal, a mãe adotiva não incentivava, mas ela não se importava: mexia nas linhas, panos e agulhas escondida. Quando não dava, improvisava. Tricô com palitos e folhas de coqueiro e crochê com pau de goiabeira e corda.
Aos 37 anos, veio com os 6 filhos sozinha para o Rio de Janeiro. Trabalhou como faxineira, diarista e até varreu o Maracanã. Um dia, foi acompanhar a colega que queria fazer um curso de enfermagem na Cruz Vermelha. A amiga não apareceu e Jandira acabou ficando na fila pra não perder o dia. Resultado: se formou em enfermagem. Em meio às dificuldades, o bordado, o tricô e o crochê sempre estiveram em sua vida, mas ela nunca teve a pretensão de vender suas peças. Para ela, o tempo dos bordados é um tempo de reflexão.
Sonhadora e vaidosa, ela não vai à praia pra não ter mais rugas. Mas confessou que ainda tem vontade de aprender a nadar e a andar de bicicleta. De mente aberta sempre a novas experiências, Dona Jandira não sabe ficar com as mãos paradas e tem pressa. Alguma dúvida que ela faça chover?